Se você demorou mais de 30 segundos para responder ou se não consegue lembrar de jeito nenhum (eu não consegui lembrar sem "googlar") não se preocupe. Brasileiro é assim mesmo hehehe
O que quero dizer é que nesse tempo que tenho passado aqui estou vendo como os argentinos são nacionalistas. Já havia escrito aqui que me espantou a "devoção" com a política, onde a Cristina e o Kirchner, por exemplo, são tratados como mártires (além de San Martín, Belgrano, Perón, Evita...). Também na universidade sempre há manifestações e cartazes declarando a desaprovação de algo ou o apoio explicito a alguém ou algum partido. Antes de vir para cá já tinha um pouco essa ideia, como a questão de eles tratarem sobre a ditadura de forma muito mais aberta que a gente, mas chegando aqui tive a noção do tamanho do nacionalismo.
O legal foi ver que não são só os argentinos que são assim, mas os sul-americanos de uma forma geral. Em várias conversas sobre política eu ficava até meio mal por não saber informações sobre os países da América Latina, só do Brasil (e olhe lá, como o caso do ano da Independência...). Conversei com várias pessoas que sabiam quem era presidente dos países, a situação política atual, etc... Isso eu vejo também nas aulas. Esses dias um cara falou sobre o Bolsa Família! Eu lá ia saber de algum tipo de programa daqui da Argentina! Muitas vezes quando surge algum assunto sobre economia, desenvolvimento, eles quase sempre falam "da América Latina" e não só "da Argentina", ao contrário da gente que sempre pensa "no Brasil". É claro que estou convivendo com pessoas mais "intelectuais" e que também não dá pra negar que o Brasil anda bem conhecido ultimamente, mas mesmo assim, me espanta o conhecimento deles.
Também penso que o que contribui muito para o conhecimento geral entre os sul-americanos de língua espanhola é o fato de compartilharem um pouco de história. San Martín, por exemplo, lutou pela liberdade da Argentina, Chile e Peru, além da questão de todos serem ex-colônias espanholas e tals. O Brasil por ter sido o único aqui a ser colônia portuguesa acabou meio "isolado". Mas sei lá, pra mim isso não justifica o nosso "egoísmo".
Estou falando de duas coisas distintas, mas que ao mesmo tempo têm a ver. Para mim brasileiro não é nacionalista e muito menos conhece a história dos "vizinhos", também, pudera, a gente mal sabe a nossa própria história, imagina dos outros. Aqui, ao contrário, eles conhecem muito bem sua história e assim se dedicam também a conhecer a história dos demais.
Há um tempo no jantar que fizemos e estavam presente alguns argentinos começamos a ver as notas e moedas da Argentina e do Brasil. Os argentinos sabiam quem eram as pessoas que estavam estampadas e um pouco da história, enquanto nós brasileiros não tínhamos certeza quem foi Deodoro da Fonseca (na moeda de 25) e muito menos sabíamos quem foi Rio Branco (na moeda de 50).
É claro que não dá pra julgar se um povo é patriota ou não com os exemplos que dei aqui e muito menos dá pra generalizar nações do tamanho do Brasil e da Argentina. Só tentei descrever um pouco do que estou sentindo aqui. Também pode ser que eu esteja totalmente equivocada, já que tomei como base o meu conhecimento do conhecimento dos brasileiros...
Estou escrevendo isso porque hoje, 25 de maio, aqui na Argentina é o feriado da Revolução de Maio, que se trata da luta pela independência. Não é o dia da Independência (que é em 9 de julho), mas a luta por ela. Agora me diz: há isso no Brasil? Na minha cabeça não houve luta, guerra pela liberdade. Teve o Tiradentes que morreu por caguete. E comemorar esse dia é muito importante aqui, tanto que ano passado foi o 200º aniversário e foi suuuper comemorado. Faz uma semana que a cidade toda está enfeitada com bandeiras da Argentina: ônibus, universidade, praças, casas, prédios, até sites e programas na televisão... No comedor estavam dando escarapelas com as cores da bandeira. Sabe, você vê uma paixão pelo país e isso eu acho muito legal. O mais perto que eu lembro disso no Brasil, é quando eu estava na 1ª série e tinha que fazer listras amarelas e verdes no meu caderno na semana da pátria. Hoje o 7 de setembro é praticamente só um feriado com desfiles e uma semana inteira sem aula na USP.
Até a água das fontes estavam azuis!
Enfim, espero ter passado um pouco das minha impressões. Não quis generalizar e muito menos dizer que um povo é melhor ou pior que o outro por saber datas, nomes, etc; são simplesmente diferentes. E para mim seria muito bom se o brasileiro fosse um pouco mais conhecedor da sua história. Não precisa ser patriota e venerar políticos, mas ao menos conhecer suas origens e não ser ignorante. Ficaria horas aqui falando sobre esse assunto, mas o post já tá gigante. Quem se interessar, falamos mais sobre isso quando eu voltar ;)
Hoje, para comemorar o feriado fomos comer feijão! Hheheh bem argentino, né? É que os pais da Má estiveram aqui semana passada e trouxeram feijão do Brasil, aí nos juntamos para comer =] Também a partir dessa semana nosso grupo vai ficar mais desfalcado... O Oscar vai para o Brasil e só volta quando já tivermos ido embora e a Nerea vai ficar 1 mês viajando por outros países. Então, aproveitamos para fazer uma "despedida".
Bom, sobre o ano da Independência, é 1822. Depois que vi a cara de espanto do Miguel quando viu que eu não sabia de cór, acho que nunca mais vou esquecer essa data! hehhhe