31 de março de 2011

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amyr Klink

29 de março de 2011

A primeira viagem

Domingo, dia 27/03, fez um mês que estou aqui em Mendoza.
E dos dias 24 a 27 fiz minha primeira viagem!
Não foi para muito longe, nem para um lugar muito conhecido, mas foi bem legal. Como a bolsa ainda não começou a vir, não dá pra ficar bolando grandes viagens.
Dia 24 foi feriado na Argentina, Dia de la Memoria (data do Golpe da Ditadura). [Oi! Não tem esse feriado no Brasil!!! Que tal trocar pelo dia de Finados?] Miguel e Rafa ficaram sabendo que teria um desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro na cidade de San Luis (300 km de Mendoza). San Luis na verdade, assim como Mendoza, é o nome da província e da capital.
E antes a Maria, dona da casa onde estou, havia falado que tinha uma casa lá e que a gente podia ir um dia. Enfim, falamos com ela se podíamos ficar na sua casa e ela super empolgou com a ideia, pois havia ido o ano passado ver o Carnaval e gostaria de ir novamente.
Ingressos comprados e pé na estrada. Eu e as meninas aqui de casa fomos no carro da Maria, junto com seu filho e a Coca - uma poodle tratada como filha pela Maria. Miguel, Rafa, Má e Góia foram de bus.
A viagem durou quase 4 horas. As pistas que andamos não são 100%, mas são bem boas, quase toda duplicada. O que me chamou a atenção foi o valor do pedágio: 2 pesos! Ou seja, 1 real! Então, pelo preço a qualidade da pista está ótima. Na província de San Luis a maior parte das pistas não tem olho-de-gato, e sim postes de luz. Achei meio desperdício de energia, mas enfim...
A casa da Maria ficava na cidade de El Trapiche, 30 km da capital. Na verdade não sei se é bem uma cidade. Cheguei a perguntar e me falaram que é uma comarca. Mas para mim comarca é cidade! É difícil identificar as noções entre Brasil/Argentina e português/espanhol. No geral, é uma cidade para casas de campo, onde o pessoal passa feriados e férias. Adorei porque é um lugar totalmente diferente do que eu já estive.
Tudo se fazia à pé. Havia só um posto de gasolina e comida são compradas em vendas ou nas casas das pessoas. Toda a cidade é cortada pelo Rio El Trapiche, que corta outras várias cidades.
Casa onde ficamos

El Trapiche

Na quinta fomos só conhecer a cidade e visitamos a feira artesanal. Na sexta saímos para conhecer os arredores, fomos en El Volcan e La Florida, duas "comarcas" também, onde moram poucas pessoas e possui alguns lugares bonitos de se ver. Quando tomamos o bus nos deparamos com uma escola de samba dentro! Hheheh Vieram 50 ônibus do Rio para San Luis, (4 dias de viagem) e como era muita gente, havia pessoas em várias cidades. Esse pessoal estava indo pra San Luis. Foi super divertido. Quando viram que havia brasileiros começaram a tocar, cantar, nos fizeram sambar hehehhe Os outros passageiros ficaram bobos de ver. Só brasileiro mesmo pra fazer essas coisas!

No sábado fomos para San Luis algumas horas antes do desfile para conhecer a cidade. Na praça principal havia muuuitos brasileiros. Eles estavam com roupas do desfile, dançando e vendendo camisetas das escolas. Detalhe que a temperatura devia estar uns 12ºC e a mulherada com pouca roupa hehhehe
A gente deu uma de turista e compramos camisetas das escolas. Eu comprei uma da Beija-flor, sei lá porque, talvez por ter sido a campeã este ano.

No começo da noite fomos para o local do desfile. Era um autódromo que foi adaptado com arquibancadas. Estava muito frio. Acho que fazia uns 10ºC, mas o pior era o vento.
Mas valeu muito a pena! Eu nunca tinha visto um desfile de escola de samba no Brasil e realmente é LINDO!!! Fiquei ainda mais com vontade de ver na Sapucaí!
Foi bem legal também ver o carinho que os argentinos têm com nós brasileiros. Eles gostam muito de Carnaval e o narrador sempre falava: O melhor Carnaval do mundo!
O desfile durou no total 3 horas. Vi algumas pessoas famosas, como Antonio Pitanga e a Viviane Araújo.
Por fim, no domingo pegamos estradas de novo.


Há muitas coisas boas em fazer intercâmbio e com certeza uma das melhores é viajar. Córdoba que me espere!!!!

28 de março de 2011

Arroz e feijão

Estou sentindo falta de muitas coisas aqui e uma delas com certeza é a comida. Estou curtindo muito experimentar coisas novas e algumas já entraram definitivamente para meu cardápio, como salada de abacate/guacamole e tortillas. (Isso que dá morar com uma dinamarquesa e uma mexicana).
Mas que uma comida brasileira faz falta, faz sim!
Bom, aqui em Mendoza tem um consulado do Brasil e nós brasileiros fomos lá, porque eles fazem tipo uma carteirinha com um número de registro que permite que você carregue só ela com você, sem precisar ficar levando passaporte e RG pra todo lado. Além de que, é importante eles saberem os brasileiros que estão morando aqui. Como disse o Seu Luís, que trabalha lá: "É importante saber o nome de todos os brasileiros que estão em Mendoza, porque o último terremoto forte aqui foi em 85 e estão esperando que aconteça outro a qualquer momento. Não viu lá no Japão?!".
Pois é...

Quando a Góia e a Marina foram lá, fizeram amizade com o Seu Luís e ele acabou convidando nós brasileiros para um almoço na casa dele. Dia 21 foi aniversário da Góia, aí aproveitávamos para comemorar.
Só digo uma coisa: foi REVIGORANTE!
Imaginem: um domingo, Globo na TV, muita gente falando português e comida brasileira!!!!
Seu Luís quem cozinhou e estava muuuuito bom! Arroz, feijão, frango assado, carne com mandioca, carne assada, salada e ainda arroz doce e pudim de sobremesa!
Sério, queria ficar o dia todo ali, comendo, vendo TV e conversando do Brasil.

Além de mim, Góia e Má, também foi o Rafa e mais 3 meninas do Rio de Janeiro que também estão aqui para estudar. O Seu Luís também convidou 2 brasileiras que trabalham no consulado e levaram suas filhas. Enfim, mais Brasil impossível!

Foi muito legal da parte dele fazer esse convite. Ele mora sozinho e já faz 4 anos que está aqui em Mendoza. Depois do almoço conversamos bastante sobre como é trabalhar no consulado, política, viagens, Brasil...

A sensação de estar um pouco mais perto do Brasil e o gostinho do tempero me deram energia pra chegar até julho hehehhe

Não duvido nada que eu tenha voltado pra casa sorrindo sozinha. Como uma coisa tão simples pode significar tanto, né? Obrigado Seu Luís!!!! 
E viva os brasileiros em Mendoza! ^^



Impressões

Outro país e, claro, coisas diferentes.
Eu nunca imaginei que meu olfato fosse tão apurado. Me intitulo "visual" nata, antes de ouvir ou sentir o cheiro eu "vejo", mas aqui estou estranhando muito os "cheiros". A começar pela água. Não a que bebemos, mas principalmente no banheiro tem um cheiro meio de podre, mas na verdade é só o cheiro da água. Eu não sei explicar quimicamente, mas a água daqui é diferente. Ela é "pesada", por isso o cheiro. Mas isso não deve ser ruim, porque todos tomam água da torneira. Difícil me adaptar...
Além disso os cheiros nas lojas, na ruas, nas lanchonetes... eu devo estar parecendo uma louca falando isso. Mas é sério! heheh Não pensem que a cidade é suja, ter cheiro não significa que é ruim, só é diferente do que estou acostumada no Brasil! Sei lá, estou escrevendo para descrever como estão sendo as sensações aqui.
A primeira coisa que me chamou a atenção foi a beleza e limpeza das ruas. As ruas e as calçadas são largas, tem muitas árvores e como é outono, está com uma paisagem que eu desconhecia ao vivo.
TODA a cidade tem canais nas calçadas. Foi uma maneira que arranjaram para captar água da chuva e também das montanhas, para irrigação, consumo, agricultura... É bem interessante, você caminha e quase sempre vê água nos canais, mesmo que faça dias que não chova. Os canais só atrapalham um pouco na hora de atravessar a rua... As árvores também são plantadas propositalmente. "Cuyo" significa deserto na língua indígena nativa, por isso aqui é muito seco e quase não chove (se bem que as mudanças climáticas também chegaram aqui e ultimamente está chovendo mais que o normal). Assim, o clima é bem agradável. Tirando que quase não venta, mas isso não faz muita diferença.

Trânsito: isso é meio caótico aqui. No centro tem muitos semáforos, mas quase não vejo placas de Pare. O pior é que quando fecha um sinal em seguida já abre outro. Não tem um tempo com os dois sinais vermelhos para as pessoas atravessarem. Então, tem que tomar muito cuidado. Mas os mendocinos vão se enfiando e os carros param. A Julie, da Dinamarca, acha um absurdo isso! heheh Europa é outra história, né...
Como quase não tem Pare (ou quando há estão escondidos), todos os carros param em todas as esquinas, aí fica naquela: vai você ou vai eu? hehhehe Chega até a ser engraçado. E eles são bem barbeiros e estressadinhos no trânsito. Se abre o sinal e o carro não anda, todo mundo já começa a buzinar!

O que eu estranhei (e ainda estranho) muuuito aqui é fazer compras no mercado. Mesmo que Brasil e Argentina estejam perto, as coisas são bem diferentes. Eu curto comprar coisas diferentes, experimentar e tals, mas dá um aflição você olhar uma prateleira cheia de chocolate e bolacha, por exemplo, e não achar a sua preferida! E como comprar sabão, arroz, essas coisas se você não conhece a marca e não sabe se é boa? Leite condensado aqui é difícil de achar, acabei comprando para apresentar o brigadeiro, mas 8 pesos a lata! O melhor é poder comprar 4, 5, 6 maçãs por 2 pesos, um vinho legal por 12 pesos, doce de leite e alfajor por 6 pesos... Vou engordar aqui, certeza.

Algo a se acostumar também é com a sesta. Eu até curto, porque é um tempo pra ficar em casa, estudar... Mas acaba atrapalhando um pouco a vida. Às vezes você tem mil coisas pra fazer, mas tem que para tudo porque os lugares estão fechados... O pior mesmo é que não é um horário certo para todos. Tem lugar que faz das 13 às 17, outros que só abrem até as 14 e depois não mais, outros que só abrem depois das 13.... Mas como vivo em um bairro residencial, quase não vivo muito isso. Mas sempre que penso em ir ao centro tenho que programar os afazeres, na medida do possível...

Os Argentinos
Bom, por mais que eu escreva tentando descrevê-los, sei que não vou conseguir.
No geral o que me chamou bastante a atenção foram 2 coisas: os dentes e os cabelos.
Os dentes porque a maioria tem os dentes careados! E não são crianças ou gente mais velha, são todos. É muito normal ver uma moça/moço bonito, mas com os dentes todos tortos e amarelados. Sei lá, acho que cuidar da saúde bocal aqui não é prioridade. Não é difícil encontrar pessoas banguelas.
Não sei se se deve a isso, mas eles fumam muito. Também todos, jovens, adultos, homens e mulheres.
O cabelo... aí o cabelo! Os homens usam mulets! Criança, jovem, velho quase todos!!! Se não é mulets é o cabelo cortado mas com um tanto mais comprido, tipo uma mexa, na nuca. É RIDÍCULO! hauhauha Já perguntei para alguns o porque disso e eles não souberam responder. É muito engraçado, parece que eles pararam nos anos 80. Ou a gente que copiou eles por um tempo, sei lá... Vou ficar devendo uma foto para ilustrar, mas penso seriamente em fazer um álbum só com cortes, porque um supera o outro! hahaha
O das mulheres também. É um corte estranho. Elas repicam a parte de cima do cabelo na altura da nuca e deixa a parte de baixo crescer, tipo, até a cintura! Dá pra imaginar??? Aliás, cabelo comprido aqui é lei. Me sentia até como uma estranha com o cabelo curto. 99% das meninas/mulheres têm cabelos beeeem compridos e também usam de formas bizarras. Sabe aquele rabo de cavalo só de um lado da cabeça? Beeem anos 80? Então, super normal aqui. E o coque que a Luciana de Viver a Vida, usou no seu casamento? (joga no Google) Todo mundo usa! hehehhe
Sinto que as argentinas são bem vaidosas. A maioria anda sempre de maquiagem, muitas pulseiras, brincos... Elas usam um negócio aqui (preciso descobrir o nome) que é tipo uma sombra branca, só que elas passam em volta dos olhos todo! Fica parecendo um panda invertido. Ou melhor, sabe quando você toma sol de óculos escuros? Então, igualzinho! heheh Demorou um pouco pra eu sacar que era maquiagem, pensava que elas eram sem noção, sei lá... Mas agora sei que é moda aqui.
Na facul, principalmente, tem bastantes "ripongas". Não estou sendo pejorativa, não sei como nomeio alguém que não é hippie, mas meio que se veste como tal! heheh Muitos dreads, tererê, roupas paz e amor.


Claro que todas essas impressões que estou tendo são minhas, o meu ponto de vista. E é importante levar em consideração que aqui é uma capital, não dá para generalizar por toda a Argentina. As ruas, por exemplo, fui a Guyamallen (cidade colada com Mendoza) onde fica o shopping, e vi muitas ruas sem asfalto e tals. Eu moro no interior de São Paulo e posso estar me impressionando com coisas que existe no Brasil também, mas que não fazem parte do meu cotidiano...

22 de março de 2011

Um lar

Como não atualizei o blog em tempo real, não falei aqui do perrengue que foi achar um lar pra viver. Desde o primeiro dia que estávamos em Mendoza já começamos a procurar. Eu, a Marina e a Paula não queríamos morar todas juntas porque afinal estamos na Argentina e brasileiro com brasileiro só fala português!
A gente procurava casa juntas, mas víamos o que dava certo pra cada uma. Pois é, não estava dando nada certo... E o pior é que o tempo ia passando e estávamos em hostel, o que gerava gastos e mais gastos... Não aguentava mais ter que pegar roupa na mala... O legal foi conhecer vários gringos no hostel e o café da manhã prontinho quando acordava heheh Mas SÓ! Não saber onde vai morar, bate um desespero.
Enfim, depois de muitos telefonemas e lugares visitados (longe, caro, sujo, estranho...) eu e a Julie fomos visitar uma casa. Era quase ideal, barata, bonita, porém... perto da facul e um pouco longe do centro. (É difícil falar de distância no blog porque só quem está aqui para ter noção...) Dá para ir caminhando ao centro, são uns 40 minutos, porém é perigoso caminhar durante a noite (Mas tem vários ônibus, e para o centro são 10 min.). A casa é germinada, faz parede com uma outra idêntica onde mora a Maria, uma senhora que é dona das duas casas. Ela foi super gentil e logo no primeiro dia nos levou para fazer compras no mercado. (Ela tem um carro, muito bom se acontecer uma emergência... sei lá!)
Enfim, colocando o preto no branco, compensava gastar com bus de vez em quando, já que não gastaríamos nada para ir a facul.

Entramos eu e a Julie dia 06 de março, num domingo, exatamente 1 semana que estava aqui.
Teríamos que encontrar outra menina para dividir quarto comigo... Mas logo nos primeiros dias fui conversando com uma meninas no Face que ainda não haviam chegado e a Eliza do México gostou e fechou.
Ela chegou dia 16 e já nesse dia fizemos uma jantar mexicano para dar boas vindas a ela e inaugurar a casa. A Eliza trouxe Tequila, temperos e tacos do México. A melhor Tequila que já bebi! Pena que acabou tudo só no jantar... Também conheci os tacos, nunca havia comido. Muito bom!
Foi muito legal, estavam presente umas 12 pessoas, entre Brasil, Argentina, Dinamarca, Suécia, Equador, Chile e México. Todos ajudaram na cozinha e tals. Essa convivência com tantos extrangeiros está sendo uma experiência única!
É muito divertido e interessante conhecer a cultura de outros lugares e falar da nossa cultura também.
Pessoal em casa - a Maria é a que está sentada

21 de março de 2011

Fiesta de la Vendimia

Aqui na província de Mendoza há uma festa muito tradicional chamada Fiesta de la Vendimia.
No geral, é uma festa para comemorar a colheita das uvas, que acontecem nesta época, começo de março. Nos dias 4, 5 6 e 7 de março de 2011 aconteceu a 75ª Festa.
A festa tem origem camponesa, então é até folclórico. Tive a oportunidade de estar aqui nessa época. É quando a cidade está mais cheia de turistas. O ponto alto é a eleição de uma Rainha (tipo Miss - beeem provinciano isso, não?) Desde janeiro nas 18 cidades da província há festa para eleger a Rainha de casa cidade, para em março eleger a Rainha mor da província.
As festividades começam na noite de sexta com a Vía Blanca, quando todas as 18 rainhas desfilam pelas principais ruas de Mendoza-capital em caminhões, distribuindo frutas, legumes, água e até vinho para o povo. (Eu levei minha bandeira do Barsil, porque nos falaram que davam mais frutas para os estrangeiros, mas não deu muito certo não heheh)
Bom, para mim, foi até engraçado. É uma coisa que as pessoas levam muito a sério! Há torcida organizada para as Rainhas, palanque com políticos importantes (governador, prefeito...) e até uma arquibancada especial para a família das Rainhas. Mas o negócio é meio brega heheheh. Sei lá, os caminhões são super improvisados... Enfim, respeitemos a cultura do próximo!
Torcida organizada

Carro da campeã 2011

Esse ano a Rainha campeã foi da cidade de Godoy Cruz (vizinha de Mendoza). 
No sábado pela manhã há o Carrousell. É praticamente igual o que acontece na sexta, porém é mais longo, porque há também o desfile de cavalos, charretes, do povo das cidades. É bem bonito. O legal é que o desfile começa em um dos cartões postais da cidade, no Parque San Martín e percorre até a rua principal, também chamada San Martín. Antes de começar o desfile houve manifestações pacíficas contra a construção de uma mineradora aqui na região, o que - segundo os protestantes - vai gerar poluição da água. Achei bem legal essa mobilização. Aliás, o nacionalismo argentino merece um post à parte.
Nesse dia a presidenta Cristina Kirchner estava presente. E eu a vi!! hehhe Foi bem emocionante, eu nunca havia visto um(a) presidente(a). As pessoas davam muitos presentes a ela e os simpatizantes gritavam seu nome.
 O governador de Mendoza ao lado da presidenta

A cidade praticamente parou até às 14h desse dia. Á noite aconteceu em um anfiteatro (um pouco afastado da cidade) a eleição da Rainha, porém as entradas eram muito caras. Alguns mendocinos me disseram que praticamente só turistas vão ao espetáculo. E realmente é um espetáculo, com danças, música, teatro... Toda a festividade (sexta e sábado) é transmitido ao vivo pela TV. Nós assistimos e é bem legal. Bom, daquele jeito... Muito barulho para uma eleição de uma miss! hehehh
Esse espetáculo de sábado à noite é apresentado novamente no domingo e na segunda, com preço mais acessível, porém sem a eleição. Mas esse ano não aconteceu a reprise. Os dançarinos se recusaram a se apresentarem novamente porque não havia convites a seus parentes como haviam prometido. Muitos turistas ficaram furiosos, deu manchete no jornal... é, aqui também tem bafão! 

Resumão: é isso. Uma festa bem popular e tradicional, onde se celebra a principal fonte econômica da província e de quebra elege uma miss que é tratada como Rainha. Tudo muito bonito e, principalmente, diferente do Brasil.


18 de março de 2011

Começando a brincadeira

A primeira semana em Mendoza passou muito rápido.
Aqui não tem fuso horário em relação ao Brasil, mas está bem em cima da linha de um grau que divide Argentina e Chile, isso é, aqui praticamente tem o horário do Chile e não do resto da Argentina (é como Mato Grosso no Sul, no Brasil). Assim, o sol nasce umas 7 e 30 e às 8 da noite ainda está claro.
Isso me confundiu bastante no começo, eu achava que era um horário e ia ver, já era mais tarde!
Todo dia íamos dormir tarde, acordávamos não muito cedo e passávamos o dia todo atrás de casa para morar.
No hostel conheci a Julie, uma dinamarquesa que havia enviado um e-mail para todos os intercambistas falando que estava procurando meninas para dividir casa.

Na terça-feira foi a reunião de recepção dos intercambistas. Eu achei bem interessante. Logo de cara nos assustamos com os avisos de precaução em caso de terremoto, afinal, aqui é um território sísmico. No lanche deu pra enturmar mais e conhecemos os outros 2 brasileiros da Unesp (Araraquara) que estão aqui também, Izac e Rafael.
Também nesse dia conhecemos o Oscar, tutor da Marina. Ele realmente foi (e continua sendo) um anjo pra gente! Nos ajudou muito em tudo, procurar casa, nos localizar na cidade, na universidade... Ele fez intercâmbio na Unesp de Marília em 2010, então sabe falar português. Isso também ajuda muuuito, porque quando não sabemos falar algo em espanhol, ele nos dá um help. Ainda na terça, conhecemos o refeitório da universidade. É super barato comer aqui, 3 pesos. E a comida é bem legal. Sempre tem 2 pratos com salada,  carne/massa, pão e uma fruta.
Ah, com ajuda do Lucas, consegui fazer com que meu note conectasse!

Enfim, a primeira semana foi de conhecer malbec, madalenas, empanadas... E a Fiesta de la Vendimia, que conto no próximo post ;)

15 de março de 2011

Todo mundo gosta dos brasileiros

Foi essa a impressão que eu tive (e ainda tenho) quando respondo à alguém de onde eu sou. A pessoa quase sempre dá um sorriso "maroto" e fala algo como: "Ah, Brasil!" Foi assim com o pessoal do hostel (muuuuitos gringos) e também alguns argentinos que percebiam que eramos turista.
Isso é bem legal. Os argentinos sabem muita coisa sobre nós, política principalmente. Muitos (até o taxista) perguntavam sobre o Lula, a Dilma. E os gringos que conheciam o Brasil, conheciam bem mais que muitos brasileiros (como eu, por exemplo). Já haviam ido ao Rio de Janeiro, Nordeste, Floripa...

Início da saga
Na segunda pela manhã saímos para conhecer ao arredor do hostel. A localização era ótima, perto de muitas lojas, mercados e praças onde aconteciam muitas festas. A missão era achar um adaptador de tomada para ligarmos nossos notes. E o desafio era saber falar "adaptador" e "tomada" em espanhol hehehhe Logo de cara nos deparamos com a sesta. Aqui em Mendoza (não sei se na Argentina toda) eles realmente fazem uma parada  depois do almoço. Entre as 13 e 17 horas quase nada está aberto. Corremos para comprar algo para comer (dificuldades em identificar as comidas - e já vimos que carne não é barata aqui) junto com suco de pomelo, claro!

 Plaza San Martín

Como vamos viver aqui em Mendoza, precisávamos achar uma casa.
Logo no 1º dia já fomos visitar algumas com a ajuda de Mercedez, uma mulher que tem um site sobre locação de casas/quartos na cidade. E de cara vimos que não seria muito fácil...

Aproveitamos a tarde para conhecer mais os arredores e o magnífico sorvete argentino. E é verdade, o de doce de leite é maravilhoso!!!!
À noite minha tutora, Rocío, foi ao hostel para nos conhecermos e sugamos dela tudo que era possível sobre a vida mendocina. Conhecemos também a Quilmes. Muito bom.

Meu note estava irredutível e eu começando a ficar desesperada...
Entrava na net só pelo pc do hostel e não dava pra ficar muito tempo, nem falar direito, como no skype.
Por isso fiquei um tempo sem conseguir mandar notícias e começar o blog.


*Vou colocar algumas fotos aqui, mas quem quiser ver mais, entre no meu Face e Orkut, ok?

Pois bem, cheguei

Quando eu batizei o blog com o título de Intercambista de primeira viagem, foi literalmente, tá? Eu nunca havia viajado de avião, e muito menos saido do Brasil.

E.... andar de avião é muito loco!!! Nos primeiros 2 minutos de voo agradeci por ter tirado da minha cabeça fazer intercâmbio na Europa heheheh Acho que ia ficar louca voando mais de 10h!
Mas é bem divertido também. Claro que tirei foto de tudo!
Depois de quase 1 hora de atraso, decolamos de Guarulhos. Minha prova de fogo foi passar por uma nuvem de chuva com trovões e pegar uma considerável turbulência que fez os mais agitadinhos até gritarem no fundão do avião. Olhando pela janela (sim, eu fui na janelinha ^^) não dava pra ver nada! Momento meio tenso pra mim. Mas logo depois saimos da nuvem e o céu estava bem azul. Realmente é lindo a vista lá de cima!
O mais bonito foi quando estávamos chegando em Buenos Aires, a cidade é linda!
Junto comigo viajaram também a Marina e a Paula (Góia). Elas também estudam na Unesp de Bauru e fazem jornal. Porém, quando mudamos de avião em Buenos Aires (não, não tem voo direto pra Mendoza) viajamos em voos diferentes e nos separamos.
Eu, infelizmente, peguei escala =/ Pra quem nunca havia viajado, decolei e pousei 3 vezes num só dia (Guarulho-Buenos Aires-San Juan-Mendoza). Tá bom, né? Toda vez que o avião pousava eu sentia uma dor/pressão muito forte na testa. Bixete é foda...
Já comecei a praticar meu espanhol e inglês (e mimiquês) dentro do avião. Foi bem divertido conversar com uma americana que estuda em Buenos Aires e um alemão que mal falava inglês - e muito menos espanhol.

Ás 21:40 chego no aeroporto de Mendoza. Um taxista que a universidade havia mandado estava me esperando com um papel na mão: DIAZ, NATALIA.

Chego no hostel e encontro as meninas. Graças a Deus, o lugar é bem legal (tirando que nosso quarto era no 1º andar e subir escadas com mais de 20kg não é fácil).

Desespero para mandar notícias à dona Sandra e seu Luís. Ligo meu note e não consigo sinal de internet. Legal, já tenho uma coisa pra ocupar minha cabeça no outro dia. Mas consigo uns minutos no pc do hostel e aviso que tô viva.

As 3 brasileiras saem para reconhecer o local e achar um lugar aberto para comer algo à meia noite.

Intercâmbio, do verbo cambiar

Enfim, vamo começar este negócio aqui!

Em primeiro lugar queria dizer que nunca tive um blog antes, porém espero conseguir alcançar meu objetivo nesta tentativa de fazer um diário de viagem. Na verdade já fracassei, pois fazem 2 semanas e 2 dias que estou fora de casa e só agora consegui começar a dar notícias.

Bom, a ideia de criar um blog surgiu depois de ver outros blogs de pessoas que também haviam passado pela experiência de intercâmbio. E a cima de tudo, o Bauru por empanadas serve para mandar notícias às pessoas que se interessam em saber como está sendo minhas "aventuras" com los hermanos.

Fazem aproximadamente 4 meses que recebi a notícia que havia sido selecionada para estudar na Universidad Nacional de Cuyo, em Mendoza, Argentina. Quem conviveu próximo de mim sabe a correria e o estardalhaço que foi esses último meses (Preciso de aulas de espanhol! Quem vai ficar com meu quarto em Bauru? Onde vai ficar a moto? Tem que comprar mala. Como compra passagem?  Tira visto aqui no Brasil? etc...) Sempre foi um sonho estudar em outro país, (e ninguém me obrigou a me inscrever no edital) mas no final de 2010, diríamos que minha vida estava bem legal! heheh Havia conseguido um estágio que eu sempre quis e estava rumando pro último ano da facul. Fazer intercâmbio nessa altura do campeonato significava mudar o "destino".
Enfim, não vou me alongar, afinal vocês já sabem qual foi minha escolha. Só quero deixar registrado aqui que frases como: "Não tem o que pensar, aproveita essa oportunidade!", "Quem fala que a infância foi a melhor fase da vida, é porque nunca fez um intercâmbio", "Estágio sempre vai ter, intercâmbio não", "Você vai aprender a falar espanhol", "Torcemos por você", e muitas outras, ditas por pessoas muito especiais, foram fundamentais para me dar força e ânimo.

Obrigada a todo mundo MESMO! Amigos e familiares. Todos os dias penso em vocês que estão aí no verde e amarelo!!!