16 de maio de 2011

Uspallata

Até o último minuto não sabia o que ia fazer neste fim de semana. Na sexta foi a festa de boas vindas da universidade para os intercambistas (sim, agora, em maio... Pensa que facul zuada é só no Brasil?!) e havia uma viagem por um dos diretórios da Facul de Ciências Políticas para um Congresso sobre saúde da Am. Latina, em Maldonado, Uruguay, bem perto de Punta del Este. E ainda a Pauline e Julie programaram de ir para as montanhas, em Uspallata, uma vila perdida no nada.
Bom, a viagem pro Uruguay era bem atrativa, porque ia custar só 300 pesos, mas decidimos ir muito em cima da hora e não havia mais lugar. Optei então em ir para as montanhas.

Confesso que estava receiosa, com medo de passar frio e tals. Além de que, as meninas programavam de andar de cavalo e, quem me conhece, sabe que eu não sou muito fã disso... Mas enfim, mas uma vez "open my mind" e simbóra!

Na quinta foi aniversário do Alexis, o que nos fez ir pra cama às 3 da manhã. O ônibus saia às 8. Quase perdemos por que o táxi atrasou. Nem preciso falar que eu, Pauline, Julie e Nerea dormimos o caminho todo, né? Foi um pouco menos de 2h de viagem. O bus deixou a gente no hostel, que fica na estrada. Chegando lá a surpresa de sermos as únicas hospedes. Sexta-feira 13, quatro meninas sozinhas num hostel no meio do nada. Parecia filme de terror. Mas o lugar era bem agradável e com uma paisagem liiiiinda!
Quintal do hostel

Bom, na sexta queríamos fazer trekking, mas não tinha. Então fomos caminhando até o "centro" para comer algo. Eram 6 km. Caminhamos, caminhamos, caminhamos... Lindas paisagens, mas quando chegamos na estrada para cruzar decidimos parar e pegar um bus. Eis que estávamos lá, esperando o bus e chega um policial numa caminhonete: "Para onde vão? Sobe aí, eu levo vocês". hhehhe
Bom, chegando lá, uma rua, literalmente, almoçamos num restaurante. Depois fomos num café tomar algo quente e depois num outro café comer algo doce heheh Nossas vaigens são assim, caminhar pra comer e comer pra caminhar. No fim da tarde a Antonia, uma alemã amiga da Pauline que está vivendo no Chile, se encontrou com a gente. Pegamos o bus de volta pro hostel e lá descansamos porque o outro dia ia ser punk.

Sabadão. Num frio considerável, 5 cavalos nos esperavam. Sério, eu não lembro a vez que montei num cavalo. Acho que tinha uns 4 anos e na foto estava com uma cara de medo. Todas as meninas tinham alguma história ruim sobre cair do cavalo, menos eu, já que nunca havia andado de cavalo. Quando trabalhei nas revistas de cavalo ficava receosa de chegar perto. Foi um grande desafio pra mim, mas ao mesmo tempo engraçado. Eu só tinha medo do cavalo disparar e eu eu cair, mas estava muito afim de fazer aquilo, de quebrar mais esse medo. E também os caras não iam ser loucos de colocarem qualquer cavalo pra turistas sem-noção que vão pro meio do nada, né??? Sempre pensava nisso. Fomos com um guia, o Damian, que pra mim tinha 18 anos. Ele era bem atencioso, mas quase não falou o caminho todo. Isso achei meio ruim, seria legal se ele falasse algo sobre o caminho, curiosidades e tals.

Meu amigo Campero

Bom, foi tudo bem tranquilo, até começar a subir as montanhas. Por que não basta a locona aqui andar de cavalo, ela tem que subir montanha! Bom, nessa hora eu só pensava: o cavalo não é suicida, ele não quer cair, então eu também não caio.
Passado a subida teve bastante caminho plano. Ah, detalhe, tinha opção de cavalgada de meio dia e dia todo, adivinha qual as meninas escolheram??? Sim, foi mais de 2h andando, andando... Nessa hora eu pensava: "Meo, se alguém se machuca aqui, não chega carro, ambulância, nada! O que eu tô fazendo aqui???" Mas aí lembrava: provando seus limites e fazendo história pera contar pros netos.

Havia um cavalo que era o "chefe", ele sempre ia na frente, sabia todo o caminho e os outros o respeitavam muito, nunca o passava. O meu teimava que sempre queria ser o 2º e quando algum o passava, ele dava uma trotadinha para ir na frente. Nessas horas eu ficava meio com medo, mas foi sussa. Depois de muito andar, chegamos. Eba! E o Damian: "Agora é só subir". Eu tinha esquecido que ainda tinha trekking ¬¬
Começamos a subir, numa trilha a beira do abismo e muuuito íngreme, sério, tinha lugar que tinhas uns 60º. Eu subi uns 100 metros acho e de repente comecei a respirar muito rápido. Foi muito estranho, nunca tinha acontecido isso comigo antes. Meu coração disparado e não conseguia falar. Estávamos a 3 mil metros de altura. Acho que por isso e talvez tenha ficado com medo de cair, não sei, só sei que não conseguia mais. Ainda tinha mais 1 hora de subida até o topo. Desisti, tinha atingido meu limite. As meninas e o guia continuaram. Fiquei ali, sozinha, num horizonte sem fim e num silêncio que nunca senti na minha vida. Nem o vento fazia barulho, só escutava minha respiração e meu coração. Foi lindo. Nunca vou esquecer. Fiquei ali mais de 2 horas. Comi, cochilei, vi o pessoal lá no topo, tirei fotos e tomei sol. Só que a esperta não estava com protetor e nem se tocou que tava bem perto do sol. Resultado: marcas do óculos na cara.

Bom, quando eles voltaram, mais cavalo. Fomos numa ex-mina de cobre e num mirador. Nessa hora já não aguentava de dor nas pernas e na bunda. O que eu não tinha andado de cavalo em 22 anos, andei nesse dia. No total foram umas 5 horas. Na volta estava preocupada em como os cavalos iam descer o caminho que subimos, mas voltamos por um outro caminho. Ainda bem!
Chegamos no hostel acabadas e imundas. (cavalo fede, né?) Pra janta tinha um churrasco nos esperando. Era muito engraçado, por que nenhuma de nós conseguíamos sentar hahahha Era muita dor na bunda e nas costas, perna, braço, tudo doia. (E ainda dói... )

No sábado pegamos um bus às 9 e fomos para Puente del Inca, umas 2 horas de onde estávamos. Outra vez, no meio do nada, mas com paisagens lindas!

Decidimos que íamos ao Parque Aconcagua, afinal o moço da lanchonete onde deixamos nossas mochilas, disse que era 2km. E de novo caminhamos, caminhamos... Todas doloridas, num frio, depois num calor... Sempre seguindo a trilha do trem. Depois de mais de uma hora (a gente parava muito para tirar foto hihihi) vimos finalmente uma montanha com gelo! Era o Aconcagua. Cruzamos para a pista e perguntamos para um pessoal de excursão que tiravam fotos se está perto: mais 300 metros.
Finalmente chegamos. Exaustas e famintas. Dentro do Parque eram mais 2, 3 km. Não dava pra gente. Estávamos muito cansadas e ademais tínhamos que pegar o bus de voltas às 4:30. Tiramos algumas fotos ali na entrada mesmo, de onde já dava pra ver bem a montanha.

Na volta na estrada tentamos algumas caronas sem sucesso, até que... a Julie pede pra um caminhoneiro (esses europeus esquecem que tão no sul heheh) Dois caminhões param, uma olha pra cara da outra: e agora? Eu pensei: vou ver a cara do tiozão, se for de boa, já era, senão, pergunto um destino absurdo. Bom, ele tinha uma cara legal hehhe Eu e Pauline subimos em um e as 3 no outro. Huahuah muito engraçado. Ele nos perguntando de onde eramos, o que estávamos fazendo ali. Foi uns 10 min, porque era bem perto.
Chegamos vivas e muito mais rápido do que se tivéssemos voltado a pé. Comemos na lanchonete e ficamos ali esperando o bus. Todas estavam exaustas, com dores no corpo. Eu queria tirar mil fotos, mas não tinha coragem de sair da cadeira. Começou um vento animal, muito forte, mas não tinha onde se esconder.

Enfim, o bus chegou e voltamos para Mendoza.


Assim foi, mais ou menos, minha aventura de fim de semana. Por mais que eu escreva, que eu conte, por mais fotos que eu tire e mostre, nunca vou conseguir expressar o que vi, o que senti. Um resumo: valeu a pena! Uma dica: conheça os Andes ;)

3 comentários:

  1. Ná, vc vai voltar magrela!
    Gostou de andar a cavalo? Eu adoro!
    Depois dessa ponto de carona é fichinha pra vc, né?!
    Lindas as paisagens!
    Sábado presto o exame Dele, de proficiência de espanhol.
    Me deseje sorte!
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Ai, qm dera Mica! Apesar de estar caminhando muito, continuo fofa, mas meu pé com certeza vai voltar bem calejado heheh é bolha todo dia =/
    Curti cavalo sim, mas doi muito a bunda heheh
    Linda mesmo as paisagens, ne?

    Boa sorte sim!!!!
    Axo que vou deixar pra prestar aí no Brasil tb!!!

    bjãooo

    ResponderExcluir
  3. lindo!
    Natalia Negretti, a Amazona

    pra mim, a melhor parte de todos os posts sempre vai ser quando aparecer: "mais uma vez, open mind!"

    pelos netos nat, pelos netos...

    ResponderExcluir